Confissões e surpresas sobre o Tata Nano

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Confesso que fiquei surpreso quando conheci o Tata Nano, o carro construído para ser o mais barato do mundo, custando cerca de US$ 2.500,00 e ser acessível, primeiramente, aos indianos que equilibram a família em motocicletas (um mercado bem maior que o de carros na Índia). Para chegar a este preço, a empresa de Ratan Tata projetou um automóvel espartano a ponto de ter apenas o essencial (que a lei indiana diz ser o essencial) para poder rodar legalmente. Entre os equipamentos da versão básica estão: retrovisor apenas de um lado (no caso da Índia, direito), limpador de para-brisa de palheta única, velocímetro e nada de luxos supérfluos, como ar-condicionado, direção assistida etc.

Confesso, também, que fiquei mais surpreso ainda com o projeto. Há muito tempo eu e vários outros que gostam de automóveis esperávamos pela volta da tração traseira a carros feitos para o grande público, como no VW Fusca e outros. E eis que surge a tração traseira, com motor traseiro neste carrinho, assim como no conceito VW Up! (que esta semana foi anunciado como a nova geração do VW Lupo). Porém meu susto foi grande ao ler a ficha técnica do Nano e perceber que ele é cerca de 10cm mais alto do que largo. Isso, aliado à pequena largura dos pneus (calçados em rodas de 12 polegadas), é uma loucura em termos de engenharia. Minha impressão, pelas fotos, é de que o carro vai tombar a qualquer momento.

Porém, outro dia, conversando sobre o Nano com meu vizinho Carlos, uma pessoa que tenho em ótima conta, ele me disse algo do tipo: “Este carro seria perfeito para mim”. Confesso mais uma vez que fiquei surpreso e indaguei o porquê. Com sua boa e velha sabedoria ele me respondeu algo assim: “o carro é econômico, cabe o que precisa e onde precisa. Seria perfeito para que eu me desloque por São Paulo”.

Justiça seja feita. 33cv são suficientes para encarar o trânsito urbano da capital paulista, ainda mais em um carro leve e pequeno. Se este for o caso, sua altura descomunal não incomodaria em trânsito pesado, pois não estaríamos “voando baixo”. E, caso estivéssemos em estrada aberta, com 33cv, não chegaríamos a uma velocidade que fosse perigosa para a estabilidade deste carismático carrinho (“carismático”, não bonito, pelo menos para mim) e, mesmo demorando um pouco mais, chegaríamos aos destino. As considerações de Carlos, mais o pensamento sobre o conceito do Nano nos fazem filosofar sobre o que os automóveis são em sua essência: objetos feitos para levar pessoas de um lugar para outro. Coisa que o Nano faz economicamente bem. Não é pretensioso, não quer parecer o que não é e quem o adquirir sabe o que está levando.

Não digo para que paremos de comprar BMW, Ferrari e Mercedes, automóveis extremamente importantes quando se quer chegar a algum lugar bem rápido, com muito conforto ou com os dois. São feitos primorosos de engenharia, segurança e tecnologia que nos levam muitíssimo bem a muitos lugares. Mas nem todas as pessoas ligam para bancos elétricos de couro com massagem e aquecimento. Para elas, apenas ter um meio para ir onde se quer sem pagar muito já é o suficiente, o essencial, como o simples e despretensioso Tata Nano me parece ser.
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Autor: Rodrigo Costa

Do ponto A ao ponto B, pensando na vida, no volante e tudo mais.

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