Seu primeiro carro: "You can't always get what you want".

"Me leve para casa e sua vida vai mudar... É sério!"
Carro é um cobertor curto. Cobre a cabeça, descobre o pé; cobre o pé, descobre a cabeça. Quando a gente vai escolher um carro é sempre assim. Encontramos um modelo com excelente desempenho e acabamento, mas é caro. Um modelo econômico, barato de manter, mas que é apertado. Essa máxima do cobertor curto vale ainda mais para quem está comprando o primeiro carro. Afinal, de que adianta comprar por R$ 15 mil um BMW Série 5 ano 1992 e não ter condições de arcar com a manutenção?

Como diz a canção dos Rolling Stones, de 1969:


You can't always get what you want 
But if you try sometimes, well, you just might find 
You get what you need 
Não sei qual foi o primeiro carro de Mick Jagger, mas com certeza não foi este Aston Martin DB6 (foto de Gered Mankowitz)
É, nem sempre podemos ter o que queremos, mas se procurarmos, podemos ter o que precisamos. Sendo assim, listei alguns modelos que dão uma leve aumentada no cobertor, claro que dentro de suas faixas de preço e categoria. Não é um ranking, por isso não pense que o primeiro seja o melhor e último o pior. Sei que existem outras boas opções, aqui estão listadas algumas. Claro que não há espaço (nem paciência do leitor) para entrar nos pormenores de manutenção, preços e equipamentos, mas acredito poder fornecer uma visão geral dos modelos aqui selecionados e ajudar quem está em vias de comprar o primeiro carro.
"Quero um desempenho excelente no meu primeiro carro. Mas tem que beber pouco, ser barato, espaçoso, fazer curva bem..."
Por coerência com o bolso da maioria dos jovens em idade e condições de ter o primeiro carro, vou tentar manter um valor razoável. Acredito que carros que não ultrapassem muito os R$ 20 mil, com algumas exceções, estão dentro do que as pessoas estão dispostas a pagar em um usado. Ainda mais levando em consideração que na GM, por exemplo, não se compra um carro novo por menos de R$ 38.990,00. Os preços de referência foram retirados de sites de classificados de automóveis. Reafirmo, são apenas para referência e não levei em consideração preços que sabiamente ninguém pagaria por determinado modelo. Vamos lá! Se tiver outras sugestões, compartilhe com a gente.


1 - Honda Civic 1.6 16v EX automático de 1998 a 2000 (R$ 15 mil a R$ 16 mil)
Bom de dirigir, resistente e confortável
Na minha opinião, um dos melhores carros médios já feitos. Leve para o porte e com um motor 1,6 litro 16v com o famoso sistema VTEC (sistema de abertura de válvulas variável), a desenvoltura do Civic agrada, mesmo com o câmbio de apenas 4 marchas. Um amigo possui um com mais de 200.000 km rodados. Mesmo passando por alguns percalços que todo carro muito rodado passa (ainda mais considerando que o antigo dono não era tão cuidadoso), o Civic dele é um tanque de guerra. Mesmo com sérios vazamentos de óleo de câmbio e motor (que surgiram devido à falta de manutenção preventiva do dono anterior), continuava andando como se nada tivesse acontecido. Até hoje o câmbio faz trocas macias e o acabamento (exceto pelos bancos que obviamente sofreram desgaste) continua intacto, com plásticos macios e muito bem encaixados. Não é atoa que os mecânicos falam que este é o melhor Civic de todos. O espaço é excelente para 4 adultos, apesar de o teto ser um pouco baixo para os padrões de hoje. O custo de manutenção está na média, apesar de algumas peças específicas serem um pouco mais caras. Fique atento com o alinhamento, já que a suspensão traseira independente também necessita do procedimento. Em todo caso, é um carro que se bem cuidado não irá dar dor de cabeça. Aliás é interessante como se vê desses modelos rodando nas mãos dos primeiros donos ou de seus filhos. O apreço por suas qualidades ultrapassa gerações.
Reparou como os bancos traseiros são recuados em relação às portas?

2 - Honda Civic 1.7 16v VTEC automático, de qualquer versão, de 2004 a 2006 (R$ 21 mil a R$ 25 mil)
Um bom carro, mas menos empolgante em desempenho que anterior
Vou dar uma enfatizada: procure pelo emblema VTEC na traseira deste Civic e quando encontrar, confira mesmo se é um VTEC. E por quê? Bem, no Civic que veio antes deste, o sistema VTEC agrada muito, mesmo com câmbio automático de apenas 4 marchas. Neste 1,7 litro 16v, que ganhou 3 cavalos em relação ao 1,6 litro da geração anterior, chegando a 130, não chega a empolgar. Já dirigi os 2 e a sensação é que no modelo mais antigo o motor tem mais disposição. No 1.7, o carro tem um certo ímpeto inicial, mas não passa muito disso. Exagerando um pouco, lembra um Opala 4 cilindros. Não é ruim, mas os mais empolgados não vão se emocionar. Se o com sistema VTEC é assim, imagine as versões que não possuem, com 115cv. Volto a afirmar: mesmo essas não são ruins, não agradam apenas se sua prioridade for desempenho (olha o cobertor curto!). O tio de minha esposa teve um e dizia exatamente isso do motor sem VTEC e reclamava muito da suspensão dura. Os modelos a partir de 2004 tiveram a suspensão recalibrada, ficando mais macia, mas ainda contando com a firmeza característica da Honda. Estas particularidades não tiram os méritos do carro, que são a resistência típica de todos os Hondas e um conforto e silêncio exemplares. Os bancos são macios, o espaço traseiro é bom e o funcionamento do câmbio é sereno. Se você é uma pessoa tranquila e quer um carro confiável, esta é sua escolha. 
Interior agrada. Na foto, modelo vendido nos EUA, que possuía poucas diferenças em relação ao brasileiro

3 - Honda Fit 1ª geração (2003 a 2008), qualquer modelo de qualquer ano (R$ 15 mil a cerca de R$ 26 mil)
Rodas do 1.5 16v VTEC. Motor com bom desempenho e economia
Notou que coloquei uma ressalva "cerca de" no preço? Como boa procura entre os usados, o Fit da 1ª geração é ótimo para quem não quer ter dor de cabeça com manutenção e quer economia de combustível. Por isso muita gente ao vender pede um pouco mais do que diz a "tabela". Vou encurtar a história. Só escutei até hoje duas reclamações de proprietários de Fit: suspensão dura para a proposta do carro e desempenho satisfatório do motor 1,4 litro, tanto no câmbio CVT, como no manual. Sinceramente, mesmo com o desempenho não sendo tão bom eu compraria um Fit desses. Pelo preço que está, é uma das melhores opções para quem quer um carro prático, espaçoso, fácil de estacionar e confiável. Se você é mais "sangue-nu-zóio", prefira o 1,5 litro 16v com sistema VTEC e câmbio manual. Os engates são justinhos e o motor responde muito bem. O CVT também casa muito bem com esta motorização, melhor que com o 1,4 litro. Seja qual for sua escolha, você vai ter um carro com acabamento não tão bom quanto do Civic, mas com plásticos bem cortados e de qualidade. No espaço, uma modularidade única, que a localização do tanque permite. No Fit, o combustível vai embaixo do banco do motorista, livrando espaço na parte de trás do carro, onde os bancos ficam livres para se arranjar em muitas combinações. Não esquente se seu orçamento não permitir comprar um Flex. O Fit só a gasolina é bem (muito mesmo) econômico. Por fora, além das rodas, as outras maneiras de diferenciar as motorizações do Fit são o pingo no "i" do emblema traseiro, vermelho no 1.4 e azul no 1.5, e o emblema VTEC no último. 
Não que você vai levar uma planta no carro. Mas se precisar é melhor ter um Fit

4 - Chevrolet Corsa 1.6 GL Hatch 4 portas de 1996 a 1998 (R$ 9 mil a R$ 11 mil)
Ainda um carro interessante, depois de 22 anos de seu lançamento
Mesmo estando um pouco mais velho, 20 anos no caso dos primeiros, o Corsa 1.6 é uma excelente opção por conciliar o ótimo desempenho e economia do motor 1,6 litro Família 1 da GM, com espaço e interno e ergonomia melhores do que muito carro mais novo e maior. O porta-malas deixa muito hatchezinho moderninho com inveja; se levar em consideração a facilidade do rebatimentos dos bancos então... Projeto alemão, o Corsa, nesta versão GL possui até acabamento aveludado nas portas e bancos, praticamente no mesmo nível de Vectra e Astra da mesma época. Fui feliz proprietário de 2 Corsas dessa geração. Os dois eram da versão Wind 1.0, que não tinha desempenho ruim. Fico imaginando o que este motor 1.6 pode fazer com esse carrinho leve! Pela idade, nem preciso dizer que ao comprar é preciso estar atento a todos os itens como, juntas, retentores, correias, bombas, caixa de direção etc. Não que ele vá lhe dar dor de cabeça. Muito pelo contrário. De mecânica simples, não consigo pensar em nenhum problema sério digno de nota. Sem falar na enorme oferta de suas baratíssimas peças de reposição e na facilidade com que qualquer mecânico possui de repará-lo. Por ser GL, alguns itens a mais são encontrados, como conta-giros, vidros elétricos pelo menos dianteiros e travas elétricas. Procurando, você encontra exemplares com ar-condicionado e direção hidráulica, mais comuns na versão sedan (ótima compra também!). Aliás, mesmo quando sem direção hidráulica, o Corsa é um carro bem leve de manobrar. Seu volante grande, caixa um pouco mais indireta do que as do mercado atual e pneus de largura coerente (nunca entendi o porquê de um Fox 1.0 ter largura de pneu do Omega 3.0), às vezes vão fazer você esquecer que o carro não possui assistência. Excelente carro para o dia a dia e para pegar a estrada com os amigos. 
Espaço e acabamento (guardadas as devidas proporções) que rivalizam com compactos atuais

5 - Chevrolet Astra Hatch 2.0, de qualquer versão, de 2005 a 2008 (R$ 16 mil a R$ 30 mil)
Excelente como primeiro carro. E último também
Não se assuste com o preço máximo de R$ 30 mil. Mesmo tabelado a no máximo R$ 26.400,00 na versão SS, muitos proprietários e logistas inflam um pouco o preço do Astra. E não é por menos. No mercado de usados é difícil achar carro que seja tão procurado, ainda mais nestes anos. É tão adorado, que o post mais lido blog foi o de sua despedida do mercado. Já com motor flex, com mais potência que o só a gasolina, os Astras destes anos dão de lavada quando o assunto é custo/benefício. Todo exemplar dessa época possui direção hidráulica, ar-condicionado (digital em algumas versões), vidros elétricos em todas as portas, travas elétricas e retrovisores elétricos. Dificilmente você vai encontrar um que não esteja equipado com rodas de liga leve, a maioria originais, e faróis de neblina. Com bom desempenho tanto na versão manual como na automática, é um carro que não possui defeitos crônicos graves, mas sempre observe a junta do cabeçote, que costuma ter uns vazamentozinhos chatos. O consumo com álcool pode não agradar tanto, especialmente na versão automática; se sua preocupação for consumo, prefira os com câmbio manual e use gasolina - traz boas surpresas, especialmente no uso rodoviário e no urbano moderado. Como em quase todos os GM dessa época, o custo de manutenção é bem baixo. O preço do seguro talvez assuste um pouco aos que têm menos de 25 anos, mas hoje o mercado oferece alternativas, como seguro para terceiros, rastreadores etc. No conforto, excelente espaço para 4 adultos (alguns vão achar os bancos traseiros um pouco baixos, mas nada exagerado) viajarem tranquilos, com sua bagagem em um porta-malas que deixa muito sedan com inveja. O hatch com 5 portas é mais recente e, na minha opinião, a melhor opção. Sinceramente, ainda não sei como não comprei um carro desses. 
Acabamento honesto nas versões de entrada

6 - Ford Fiesta 1.6 8v Hatch ou Sedan de 2008 a 2010 (R$ 16 mil a R$ 26 mil)
Um dos projetos mais felizes da Ford
O comentário sobre Ka e New Fiesta (que você vai ler adiante) me fez lembrar do Fiesta Rocam. Na minha opinião, um dos melhores carros compactos que a Ford fez. Excelente dirigibilidade, espaço interno - para 4 pessoas com folga - sem nenhuma crítica a fazer (bom para as pernas, bom para os ombros, bom para a cabeça). Porta-malas no hatch está na média para o segmento. No sedan, é o porta-malas que todos deveriam copiar: acesso fácil, dobradiças pantográficas, profundidade adequada e bom revestimento interno. Fiquei 4 dias com um Fiesta Sedan em uma viagem e posso dizer que depois disso não entendi porque racionalmente (apenas) as pessoas compram outro carro além desse. A manutenção possui preço compatível com a categoria, as peças de reposição também. O motor 1,6 litro 8v é econômico e permite ao Fiesta ter um excelente desempenho, quase tão bom quanto o New Fiesta com motor 1,5 litro 16v. Se você escolher este como seu primeiro carro e aprendeu a dirigir em carros 1.0 preste atenção ao escalonamento do câmbio. As marchas são mais longas, logo, em uma ultrapassagem cuja velocidade inicial seja 100km/h, não é para a 4ª que você deve reduzir, é para a 3ª. Digo isso porque vejo muita gente reclamar do desempenho deste e de outros Ford. Eu quando tive um Focus Duratec 2.0, havia saído de um Corsa 1.0, com câmbio curtíssimo. Assim, não entendi porque a 90km/h reduzindo para 4ª o carro não andava. Logo aprendi que o correto nesta situação, pelo escalonamento do câmbio, é a redução para a 3ª, que no Focus cortava a injeção depois dos 150km/h. Voltando ao Fiesta, o acabamento dos modelos a partir de 2008 melhorou um pouco, mas era bem fácil melhorar o anterior, já que não era nada bom. Por dentro, podem surgir alguns barulhinhos, mas honestamente, como primeiro carro (não só!), é um dos melhores conjuntos que você pode comprar. Procure bem, pois dependendo da versão não há ar-condicionado. 
Dobradiças pantográficas e ótimo revestimento. Todo porta-malas de sedan deveria ser assim

7 - Ford Ka 1.0 8v 2001 a 2007  (R$ 8 mil a R$ 16 mil)
Invocadinho nas curvas, um verdadeiro "Kart"
Além do Corsa, outro carro bem barato e interessante é o Ka da 1ª geração. O modelo vendido entre 2001 e 2007 já possui a reestilização que deixou seu desenho um pouco mais moderno. Claro que o desempenho não é bom como dos modelos equipado com o motor 1,6 litro 8v. Mas quer saber? O Zetec Rocan 1,0 litro 8v dá conta do recado (o motor Endura fez minha família passar vergonha em Mairiporã quando não conseguiu subir uma ladeira com 4 pessoas). Vendido somente a gasolina, ele empurra o "Kazinho" com uma boa desenvoltura para deslocamentos urbanos. Se for pegar a estrada com 4 pessoas e (pouca) bagagem, fique na direita. Mas nas curvas pode abusar. O apelido "cart", ou "Kart", se preferir, não veio atoa. Em 2006, durante o 1º 4Rodas Experience, eu, na época funcionário da distribuidora da editora Abril, escutei o locutor do evento falar: "muitas pessoas aqui estão subestimando um carro, o Ka 1.6. Dirija ele na pista que vocês vão se surpreender". Para quem não sabe, o 4Rodas Experience é um evento onde os participantes pagam para dirigir carros fornecidos pelos fabricantes na pista de Interlagos. E quem estava na pista junto com o Ka? Ferrari, Porsche, Mustang e até um Megane Sport da época (que infelizmente não veio para ficar). Para o locutor falar aquilo, é porque o pequeno da Ford estava chamando atenção mesmo entre estes bólidos. Infelizmente a versão 1.6 não possui uma relação custo/benefício tão boa para um primeiro carro. Por isso estou indicando o 1.0, que possui o mesmo excelente ajuste de suspensão e direção ágil. Claro, se sua prioridade é o desempenho, compre o 1.6 e seja feliz! Assim, como no corsa, nos mais antigos, sempre cheque itens de desgaste e troque o que você desconfia que não esteja em dia. As peças são baratas. Resumindo, a grana está curta e você quer ou precisa de um carro. Olhe com "Karinho" para este. Ah, procure que você encontra alguns em bom estado e equipados com ar-condicionado e direção hidráulica. 
Na época do lançamento, "um escândalo"

8 - VW Polo Hatch 1.6 de 2004 a 2006 (R$ 14 mil a R$ 22 mil)
Linhas clássicas e belas rodas diamantadas
O que é que tem motor de Golf (MK4, como todas as vezes citado aqui), câmbio de Golf, nível de equipamentos de Golf, silêncio de Golf, acabamento de Golf, dirigibilidade de Golf, saía da fábrica do Golf, mas não é Golf? Sim, o Polo definiu o que deve ser um compacto Premium: embalagem menor e mais fácil de estacionar, carregando as qualidades de um carro médio. Coisa que a Ford só fez com o New Fiesta em relação ao Focus no quesito dirigibilidade e nível de equipamentos nas versões mais caras. Já dirigi um Polo sedan na estrada e posso dizer que foi um dos automóveis que mais passou segurança e solidez, mesmo que na ocasião estivesse chovendo, carro cheio e velocidades um pouco superiores à permitida. Junto do câmbio de engates mais prazerosos que você vai dirigir, este motor 1,6 litro 8v não faz feio. O consumo é coerente, apesar de os primeiros flex terem assustado um pouco. No desempenho, basta fazer o seguinte exercício: no Golf 1.6, o EA111 (nome do motor) já era respeitável, nenhum foguete, mas respeitável; imagine em um carro mais leve. Algumas versões básicas não são tão equipadas, existindo até Polos sem vidros elétricos na frente (sim, até alguns Golfs assim saíram das fábricas), mas é muito difícil encontrar um Polo "pelado". No geral, quem comprava, colocava alguns itens a mais de conforto. Quando foi lançado (como tentativa de substituir o Gol, que desde 2008 usa a plataforma PQ24, a mesma desta geração do Polo), a VW destacava o espaço interno do Polo, de motor transversal, em comparação com o Gol da época, de motor longitudinal e altura mais baixa da carroceria. E isso tem um motivo, que é justamente a excelente relação entre as dimensões externas e internas, o famoso "pequeno por fora e grande por dentro". Claro, não é nenhum sedan médio, mas pessoas de 1,80m de altura não passam aperto atrás. De todos os proprietários de Polo que conheci (e não foram poucos), apenas um reclamou de manutenção e problemas, mas ele mesmo dizia ser azarado, pois outros nunca reclamaram de quebras ou custo alto de manutenção. Apenas comentaram sobre certa atenção que se deve ter nas buchas da suspensão, que parecem ser um pouco frágeis. 
Ótima posição de dirigir, câmbio com os melhores engates que você vai encontrar e acabamento acima da média

9 - Renault Clio Hatch 1.6 16v Privilége de 2004 a 2008  (R$ 13 mil a R$ 18 mil)
Ótimo desempenho e acabamento excelente para o segmento
Eu ia sugerir qualquer versão 1,6 litro 16v do Clio. Mas esta versão Privilége é de deixar qualquer pessoa que gosta de bons carros emocionada. Rodas de liga leve, vidros elétricos na dianteira, retrovisores elétricos, travas elétricas, direção hidráulica, ar-condicionado, air-bag duplo, som com comandos no volante, faróis de neblina, bancos aveludados (os dianteiros abraçam o corpo muito bem): tudo isso de série. Este motor é um dos mais empolgantes que você pode imaginar. Ele dava conta de carregar as últimas Megane Gran Tour. No Clio...bem, vou reproduzir as palavras do meu irmão, que possui um Clio Dinamique com o mesmo motor: "deixo para trás carros 2.0". Sério, é este o nível de desempenho. Claro que não deixa para trás todo carro 2.0, ainda mais levando em consideração os motores mais modernos. Mas é uma boa referência do quanto esse Clio pode ser divertido. A manutenção é barata e é um carro que costuma ser mais resistente que os franceses da PSA. Só não repare na alavanca de câmbio que treme um pouco, dizem que é normal. A suspensão concilia bem conforto e estabilidade, apesar de estar mais para firmeza. Sua arquitetura interna lembra bem a do Corsa do item 3 deste artigo e isso é ótimo. Projetos desta época, por ter um desenho mais convencional, possuem um aproveitamento de espaço melhor. O bom e velho "caixote". Quer um exemplo? New Fiesta e Ka compartilham a mesma arquitetura, possuem a mesma distância entre os eixos; é de se supor que o Fiesta, mais caro, tenha mais espaço. A resposta é não. O Ka, sem aquele parabrisa inclinadásso do New Fiesta, tem o painel mais curto, que se reverte em mais espaço na cabine. Olha, com esta sobra de potência e o peso baixo, se sua prioridade não for desempenho e você roda mais na cidade, pode comprar um Clio 1.0 que ele vai lhe atender perfeitamente. 


10 - FIAT Palio 1.4 ELX de 2005 a 2007 (R$ 16 mil a R$ 20 mil)
Quase unanimidade. Duvida?
O Palio não tem o melhor acabamento, não tem o melhor espaço interno, não tem o melhor consumo de combustível, não tem o melhor motor, não tem o melhor acerto de suspensão, não tem o melhor câmbio, não tem o melhor ajuste de direção, não tem a melhor posição de dirigir, não tem o melhor porta-malas. Sinceramente, não se destaca em nada, só no custo de manutenção. Aliás, é justamente por não se destacar em nada que o Palio é querido e possui excelente liquidez quando o assunto é revenda. Como a FIAT concebeu um conjunto onde nada se destaca, mas tudo é "nota 7", digamos, ela aumentou o leque de possibilidades em matéria de agradar ao público. Em um carro onde nenhum ponto é prioridade, não é preciso fazer concessões. Nele, o cobertor curto cobre uma parte boa da cabeça e dos pés. Se o motor não é um expoente do desempenho, ele cumpre bem seu papel de levar 4 pessoas no carro sem beber horrores. É um carro de compromisso e tem o potencial de satisfazer a maioria dos motoristas. Quando dirigi um Palio 1,4 litro ELX me surpreendi, pois esperava uma coisa (ruim) e tive outra (boa). Como primeiro carro, comprando um Palio deste você não erra. Ele vai lhe atender muito bem, não vai ter problemas graves e na hora de revender vai ser bem fácil. Se você for menor de 25 anos, faça várias cotações e procure as alternativas que citei no Astra, pois dependendo da região onde você mora, o seguro pode sair um pouco mais caro do que você imaginava. Como de praxe, e já que a oferta é enorme, busque os equipados com ar-condicionado. A direção hidráulica era de série nesta versão, bem como vidros elétricos dianteiros e travas elétricas. 
Foto do Fire para ilustrar. Design de Giorgetto Giugiaro. Quem?
O cara que desenhou o DeLorean DMC-12, o primeiro Golf e o Lamborghini Gallardo

11 - Toytota Corolla 1.8 16v de 1999 a 2002 (R$ 14 mil a R$ 22 mil)
Elegante, discreto, confiável, confortável e barato
Sei que gosto é subjetivo, mas arrisco dizer que este carro possui um dos desenhos externos e internos mais sem graça que você já viu. E não é para menos. Antes da reestilização, ele tinha essa cara:
"Ousado", maneira educada de falar que... é... bem...
Nem preciso dizer que ousaram demais. Ainda mais se tratando de um Toyota. Após reestilizado, sua fabricação passou a ser nacional. Ficou sem graça, mas ficou elegante e com certeza bem melhor que antes. Este Corolla é da época do primeiro Civic nacional. E como o modelo da Honda, é tido pelos mecânicos como um dos carros mais confiáveis do mercado. Mesmo muito rodado, um Corolla bem cuidado pode durar por muito tempo. 
Dá sono? Sim, mas o exterior antes da reestilização causava pesadelos
Se não é um grande cantador de pneus, o conjunto mecânico não desaponta e está coerente com o porte do carro. Tanto o manual como o automático vão bem. Pela proposta do modelo, um sedan confortável, que pede uma tocada tranquila, o automático é mais coerente e pode ser mais fácil para revenda. Mas se achar um manual em bom estado, compre sem medo. O interior também é outro ponto em comum com o Civic: plásticos macios, bem cortados e tecidos que poucos carros de hoje possuem. Tudo com um desenho que dá sono (diferentemente do Civic), melhor que o exterior antigo que causava pesadelos. Mas e daí? Se você é jovem e quer como primeiro carro um que seja de manutenção tranquila, com bom espaço e que vai corresponder sua atenção à manutenção com confiabilidade, vale a pena dar uma olhada neste Corolla. Se o bolso estiver um pouco mais folgado, pense em um da geração seguinte que você não vai se arrepender. 










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Autor: Rodrigo Costa

Do ponto A ao ponto B, pensando na vida, no volante e tudo mais.

6 comentários:

  1. Tenho um Astra da ultima "fornada". E é como você falou. Excelente veículo.

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    1. Quase comprei uma vez, mas não deu negócio... infelizmente...

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  2. Excelente artigo Rodrigo, parabéns! Sem querer abusar da boa vontade, saberia informar como é a questão da manutenção no Renault Clio citado no texto, se é cara ou barata, etc?

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    1. Muito obrigado, Caio!
      Pelo o que vejo de relatos de proprietários, a manutenção no geral é barata sim.

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