Quando a Alfa Romeo anunciou a produção em série do 8C, logo já explicou qual a sua função. Além de devolver à marca do cuore sportivo a tração traseira, o modelo foi feito para que se aumentem as vendas dos outros automóveis da marca. O mesmo acontecerá com o VW Eos quando chegar ao Brasil. Temos aqui dois casos de “carros de imagem”, automóveis que, se não destacam pelas grandes vendas, se mostram detentores de um desenho caprichado e, por vezes, esportividade à flor da pele. São carros exclusivos, de baixa produção feitos para que o público associe um valor à imagem da marca, seja esportividade, conforto, inovação ou qualquer outra coisa que possa atrair compradores às revendas (papel que ficou erroneamente apenas nas mãos de "carros-conceito" presentes apenas em salões). Sinceramente, estou com saudade de uma maior presença deste tipo de veículo em nosso mercado.
O início da década de 90, com abertura das importações, assistiu a uma debandada de modelos para o Brasil como nunca se via. A GM nacional estava perfeitamente alinhada com a OPEL (de onde vêem os modelos fabricados aqui), VW, FORD e FIAT também estavam alinhadas com as matrizes e muitas outras marcas começaram a se estabelecer aqui, além de categorias que nunca sonhávamos sequer existir. Entre tantas, tínhamos alguns modelos que faziam papel de carros de imagem.
Peguemos como exemplo a GM (outra vez). Havia o Calibra, um coupé três volumes baseado no primeiro Vectra com motor de 150cv. Um modelo de linhas elegantes e desempenho honesto. Além do Tigra, um pequeno coupé baseado no Corsa de segunda geração (primeira por aqui), que dividia mecânica com o Corsa GSi, um brilhante e econômico 1.6 16v de 106cv. A FIAT trazia no belíssimo Coupé com mecânica do Tempra 16v (porém com 137cv, ou seja 10 a mais) e desenho de Pininfarina, com linhas que, até hoje, se o modelo fosse recém lançamento, chamariam a atenção.
Estes modelos eram a quintessência dos valores e até onde a tecnologia do fabricante poderia chegar (valores como a segurança na Volvo, a esportividade com elegância na BMW, o luxo com a Rols Royce e a elegância com a Mercedes Benz). Assim, como não há mais “carros para dirigir” (leia postagem anterior) em nosso mercado, também vejo um futuro obscuro para os carros de imagem. Hoje está muito fácil vender carros. Estes planos loucos de financiamento fizeram as pessoas esquecer de outras coisas que devem ser determinantes na compra, colocando o preço, ou suas condições de pagamento, em primeiro plano, comprando, por vezes, um modelo que não satisfaça suas necessidades ou até seja exagerado para o que o consumidor precisa. Talvez por isso os carros de imagem nacionais, ou de fabricantes aqui estabelecidos, sumiram de nossas concessionárias. Perderam sua razão de ser, pois ninguém mais compra por valores. Não digo que devamos humanizar automóveis, mas precisamos comprar com mais critério. E os carros de imagem nos ajudavam a conhecer e avaliar melhor estes critérios.
O mercado, não só de carros, tem mostrado que quanto mais o consumidor vive a marca, mais fiel se torna a ela. As montadoras tem feito isso com eventos, feiras, parcerias, associação a algum estilo de vida etc. Porém, se esquecem de seu principal produto: o carro. E os de imagem nos ajudam, e muito, a saber “qualé a dessa marca” e até onde ela pode chegar.
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