O titulo pode parecer um pouco redundante, afinal, até onde se sabe, carros são para dirigir, não? Sim. E em todo século XX foi deste jeito. Até que no final década de 90 parece que alguma coisa aconteceu. Automóveis começaram a se tornar altos, cheios de porta-objetos, de mesinhas tipo “avião”, tomadas, telas de dvd e outras coisas que encontramos em casa. Agora o titulo começa a fazer sentido.
O caso é o seguinte, hoje em dia é difícil achar um automóvel acessível que esteja voltado para o prazer de quem dirige, pelo menos em nosso mercado. Não há mais carros com painéis voltados ao motorista, bancos baixos e quadro de instrumentos claros e completos. Por falar em quadro de instrumentos, o que aconteceu com o termômetro? Agora só se sabe que a temperatura do carro subiu quando é tarde demais (Palmas para o painel do popular Celta e para GM que coloca conta giros e termômetro em todos os seus modelos). Não vou entrar na questão do mérito da potência, pois, às vezes, um projeto melhor supera a necessidade de uma potência astronômica (leia a postagem “A importância do bom comportamento... dinâmico).
Não digo que não deva haver modelos cuja principal função seja levar família e filhos com conforto por longas viagens. As minivans cumprem muito bem e com muita praticidade este papel. Mas e para os que gostam de sentir os limites do carro e fazer curvas sem precisar praticamente parar? Levando em conta apenas os carros nacionais, no Brasil, quem gosta de dirigir assim, apenas tem opções derivadas de outros modelos, como Civic Si, Golf GTI e Stilo Abart, isso sem falar nos “denorex”, como Astra SS e Stilo Sporting. Tudo bem que os modelos da Honda, VW e o primeiro da FIAT são realmente automóveis de bom desempenho. Porém, seus projetos são antes de mais nada de um carro comum feito para nos levar de um lado para o outro (a essência do automóvel).
O que nos falta são automóveis para dirigir, para o prazer de dirigir, para o coitado do motorista que mesmo em sedans e hatchs médios de razoável desempenho é obrigado a conviver com gavetas e buracos por todo o carro para colocar garrafas, caixas de lenço, balas, moedas etc. O automóvel virou um imenso porta-trecos, onde dirigir se tornou uma atividade secundaria. A indústria automobilística ficou pensando tanto nos passageiros, o que é louvável, que se esqueceu do motorista e até de seu conforto Vide a posição “kombica” de dirigir presente em muitos modelos, feitas para supostamente conseguir mais conforto para todos. Mas quando se aumenta altura do carro, mais este oscila em pisos irregulares e curvas, como um navio balançando, no qual a parte mais alta sempre balança mais que a mais baixa. Espaço com conforto legítimo é aquele conseguido através de aumento de bitolas e distância entre os eixos.
Nosso consolo é que, assim como a moda, as tendências da indústria vão e vêm. Quem sabe não estamos próximos de voltar a uma época de carros como o Omega nacional, Puma, Opala SS, Passat TS, Gol GTI 16V e pequenos-cupês-importados-e-baratos-da-década-de-90 além de muitos outros que têm como principal foco agradar a quem dirige e, principalmente, gosta de dirigir.
Os carros atuais são ótimos para guiar, com certa dose de conforto e uma falsa noção de segurança.
ResponderExcluirE esse é o grande mal, pois aí entra a imprudência, seja o condutor homem ou mulher.
Nessas horas a gente descobre os carros antigos e suas particularidades ao volante. Porém esse carro antigo tem que estar um brinco, senão a brincadeira perde a graça! hehehe
Achar um carro atual que dê real prazer ao dirigir é um desafio. Deixar essa tarefa aos leigos (como se eu fosse grande entendedor) gera situações pitorescas, como eleger o Logan como um ótimo carro para dirigir (saiu numa 4 rodas, meses atrás).
Tudo bem que o Gol é um carro compacto, de proposta urbana e de produção onde os custos foram muito bem pensados para ter bom preço, contribuindo para as vendas e o lucro da Volks. Porém você criticou ele (Novo Gol 1.6) por ter uma posição de dirigir baixa. Ué, você acaba de elogiar o BMW por ter justamente isso. Não entendi.
ResponderExcluirRenan Veronezzi