Pokemons! Diferentes, interessantes, bombas! Ou não.

Ai... minha correia dentada... 
Quem aqui já não ouviu falar que aquele carro dos seus sonhos é uma "bomba"? Marea Turbo, Calibra, Omega 3.0, Mondeo V6, FIAT Coupé e por aí vai. Sinceramente, concordo. Se você considerar usar estes carros no dia a dia, para trabalhar e ir ao supermercado, por exemplo, talvez o desgaste da rotina faça com que sua manutenção seja inviável para a maioria das pessoas. Claro que há excessões, com modelos surpreendentemente duráveis, resistentes, com peças ainda no mercado e que são muito interessantes. E se levarmos em consideração que até carros novos podem dar problemas sérios, por que não fazer um gosto e ter em casa aquela máquina que vai fazer você sorrir cada vez que girar a chave? Para quem gosta, até o ato de garimpar peças faz parte do prazer de se ter um modelo desses.

No último mês, nas minhas andanças, flagrei diversos carros diferentes nas ruas. Alguns que nunca imaginava ter qualquer exemplar no Brasil. Digamos que são meus Pokemons! As fotos da caçada não estão tão boas, mas dá pra ter uma idéia de que sim, há quem seja ousado, corajoso, rema contra a maré e não dá a mínima para mercado e revenda. Afinal, de qualquer jeito você vai perder dinheiro quando vender seu carro. Então compre um carro para você, não para o próximo proprietário. Aí vão as fotos, espero que gostem!

Mercedes-Benz 190 E com bancos creme: estes carros parecem que vão durar para sempre
Toda vez que vejo um 190 E fico impressionado com seu estado de conservação. Sério, eu nunca vi um que não estivesse impecável. Este concorrente do BMW Série 3 E30, e antecessor do primeiro Classe C, para mim possui um design dos mais felizes. Estas proporções clássicas de 3 volumes desenhadas pelo italiano Bruno Sacco, deveriam ser o norte de qualquer um que projetasse um sedan. O modelo da foto possui bancos na cor creme, clarinhos. Agradeço ao proprietário por não colocar películas escuras nos vidros. Já flagrei um na versão 190 E 2.3-16, preparado pela Cosworth e imortalizado por Ayrton Senna em uma corrida, disputada apenas entre 190s,  que inaugurou o traçado curto de Nürburgring em 1984.


Hyundai Atos Prime rouba a cena do Ford A
Foi uma enorme surpresa quando a casa em frente ao meu prédio começou a ser reformada. Abriram a garagem e lá estava este clássico. Me parece um Ford Modelo A. Interessante como que rodas brancas já combinavam com carros vermelhos desde esta época. Na esquerda, um Hyundai Atos Prime verde! Para quem não sabe, é uma espécie de vovô do Picanto, que até vendeu bem nos anos de 1990. Econômico, e com bom espaço para o tamanho, é um carrinho bom para quem precisa de um segundo ou terceiro automóvel para dia de rodízio e deslocamentos exclusivamente urbanos.


Sai da frente do Mustang, Cruze! 

Infelizmente não deu tempo de registrar o carro todo. Fiquei babando e demorei para fotografar. Sim, era um Mustang da geração passada. Muitos importadores independentes trouxeram, já que a Ford não se mexeu nem quando a GM trouxe o Camaro e vendeu horrores. Foram vários V6 e V8 GT. Mas este era diferente e eu nunca havia visto ao vivo: um Shelby GT500. Ou pelo menos um que o dono tenha colocado os acessórios de aparência que diferenciavam a versão do Mustang normal.


Alfa Romeo 145. Vejo bastante nas ruas e toda vez acho legal pacas
Não tão raro assim, mas para mim já é um clássico. Este Alfa Romeo 145 é do tempo em que os hatches médios davam ainda mais vontade de dirigi-los. Os motores nessa época já eram razoavelmente modernos, com cabeçote multiválvula e potência bem próxima do que se vê hoje. A grande diferença era o peso. Os carros eram bem mais leves e mais baixos. Esse Alfa, Astra 2.0 16v, Focus 2.0 16v, Tipo 2.0 16v e Audi A3 1.8T deixavam a molecada doida entre 1995 e 2005. Foram 10 anos bem divertidos. Ver carros dessa época, em um estado de conservação bom como deste 145, é muito legal.


Puma GTB/S2: compacto, leve, cara de mau, tração traseira, pneus largos
O Puma GT com motor traseiro refrigerado a ar é figura fácil nas ruas. Não que isso tire seu mérito. Eu particularmente gosto muito. Mas gosto mais ainda da sua versão "a água", com mecânica de Opala, especialmente na versão S2. Debaixo do capô, o 6 cilindros em linha 4,1 litros do Opala. Muito torque, pouco peso, câmbio manual: receita para arrancadas fortes e marcas de borracha no asfalto. O que eu acho mais curioso é que o Puma "a ar" é o típico esportivo europeu, praticamente um Porsche em seu conceito. Já o GTB é um "Muscle Car sem V8", mas um pouco mais compacto, o que o deixa ainda mais bacana.


Crossfire passou rápido, tentei acompanhar e a foto ficou ainda pior
Você conhece o Chrysler Crossfire? Se você respondeu "sim" é porque é doido que nem eu. A primeira vez que a Chrysler utilizou este nome foi em um carro conceito em 2001. Tinha um design invocado, com todas enormes e parabrisa dividido ao meio como em carros dos anos 1940. O modelo de produção foi lançado em 2003, como modelo 2004 e produzido até 2007, como modelo 2008. Acho que este é um dos carros mais peculiares que já existiu. Ele utilizava a plataforma R170, do primeiro Mercedes-Benz SLK e 80% de seus componentes, "empréstimo" fruto do casamento DaimlerChrysler, que durou de 1998 a 2007. Porém, ele era produzido pela Karmann, na Alemanha. Então temos um carro com plataforma Mercedez-Benz, produzido pela Karmann, com marca Chrysler. Além da crise identidade, o modelo não tinha o acabamento tão bom quanto o primo SLK e o estilo dividia opiniões. Como era de se esperar, não teve o sucesso esperado. Na minha opinião, um carro de personalidade, mesmo que sejam múltiplas. Fico feliz de saber que alguém importou. É mais um que nunca havia visto ao vivo.


Peugeot 205 Cabriolet, com formato do hatch quando a capota está fechada
Na ocasião em que viajei de Campos do Jordão à São Bernardo com o Peugeot 208 dos meus pais (que há alguns dias arrebentou a correia dentada, dentro da garantia e pouco depois da revisão... êêêê, Peugeot...) encontrei esta preciosidade ao chegar na Rodoviária. Um 205 Cabriolet. Ao contrário do seu sucessor, o 206 Cabriolet, este possui teto de lona. Na minha opinião, o deixou com o aspecto bem melhor quando a capota está fechada em comparação com o 206. Parece a versão Hatch com teto de vinil, a exemplo dos Opalas. Já o 206, para quem se lembra, era tão charmoso quanto estranho. O carro estava impecável. Apenas as rodas não era originais. Mas quer saber? Não ficou ruim, muito pelo contrário.


Quer ver um coração de um entusiasta de carros bater mais forte? Diga os números 164 e 325
Fui levar um amigo no meu mecânico para resolver um problema de vazamento no cabeçote de seu Honda Civic. Chegando lá, me deparei com estas duas maravilhas, uma ao lado da outra. Tão diferentes e tão igualmente sensacionais. Tração: dianteira no Alfa, traseira no BMW. Disposição dos 6 cilindros: em V no 164, em linha no 325. Design: elegância e estilo no italiano, solidez e sobriedade no alemão. Qual dos dois gosto mais? Do BMW, que inclusive possui um custo de manutenção menor e, dependendo da sua rotina, pode ser seu único carro. Mas sinceramente, ficaria feliz com qualquer um desses dois. Não tenho dúvida que os modelos atuais equivalentes são melhores em todos os aspectos em relação a estes antigos. Porém, há algo de especial nos carros desta época e não sinto isso nos de qualquer outras época passada. Eles parecem atemporais. São bonitos até hoje, possuem acabamento esmerado, mesmo para os padrões atuais, e o desempenho ainda impõe respeito. Acho que se daqui a 20 anos estiverem rodando pelas ruas, ainda serão naturais ao cenário e as pessoas ainda irão desejá-los.








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Autor: Rodrigo Costa

Do ponto A ao ponto B, pensando na vida, no volante e tudo mais.

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